Conceitos explicados, consumidor mais protegido
A moderação pode ser um conceito subjetivo para muitas pessoas, no entanto, ela é a premissa para o consumo responsável de bebidas alcoólicas. Deve ser explicada e ser parte fundamental de toda política de combate ao consumo nocivo de álcool.
Por isso, a partir de uma perspectiva de proteção ao consumidor, lançar mão de referências que o ajudem a entender o quanto está ingerindo e quando é o momento de parar é parte importante do trabalho de educação e prevenção fomentado historicamente pelas empresas e entidades ligadas ao setor de bebidas alcoólicas destiladas.
O primeiro ponto que deve ser elucidado é que o único tipo de álcool adequado para o consumo humano é o álcool etílico (etanol), presente em todas as bebidas alcoólicas, sem distinção, como resultado de seu processo produtivo. Então, seja qual for a categoria da bebida ou seu teor alcoólico, o etanol é sempre o mesmo.
Em se tratando do mesmo princípio ativo, é fácil entender que dentro do organismo ele é processado da mesma maneira, seja vindo de uma bebida fermentada ou destilada. Assim, fica explícita a premissa inicial do debate sobre moderação: álcool é álcool.
Dose padrão: o que é e como usar?
A Dose Padrão é o principal parâmetro para conceituar a moderação porque ela ajuda o consumidor a medir e controlar sua ingestão de álcool, estabelecendo a quantidade absoluta de álcool etílico (etanol) que está sendo consumida. Além disso, ela também é utilizada para a realização de estudos comparativos e na elaboração de políticas públicas com foco no combate ao consumo nocivo.
A Fundación de Investigaciones Sociales A.C. - FISAC - aponta que a dose padrão, é uma unidade de medida equivalente a uma certa quantidade fixa de álcool puro (etanol) por bebida. Esta medida varia de país para país em função da sua cultura, das características dos seus habitantes e da sua geografia, entre outras medidas ditadas pelas autoridades locais.
A FISAC explica que o fígado é o principal encarregado pelo metabolismo de aproximadamente 90% do etanol consumido por uma pessoa. O corpo de um homem adulto sadio é capaz de metabolizar o conteúdo de uma dose padrão em aproximadamente uma hora, no caso de uma mulher adulta sadia, o tempo será de aproximadamente uma hora e meia. Então, se você optar por consumir uma quantidade superior àquela que pode metabolizar, a concentração no sangue se eleva, podendo trazer danos à sua saúde. Por este motivo, a recomendação é que a ingestão seja lenta e moderada, com base na dose padrão.
Ou seja, o que realmente importa é a quantidade absoluta de álcool ingerida e não o tipo nem o teor da bebida, uma vez que álcool é álcool.
"A intensidade do efeito do álcool no organismo está diretamente relacionada à quantidade consumida. Portanto, não há bebida de moderação, apenas a prática da moderação".
Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, do inglês Centers For Disease Control and Prevention)
A explicação sobre Dose Padrão leva ao entendimento do princípio da equivalência entre as bebidas alcoólicas: ao consumir 350 ml de uma cerveja (com 5% de teor alcoólico), 150 ml de vinho (a 12%) ou 40 ml de destilado (a 40%), a quantidade absoluta de álcool ingerida é de 14g, em média.
"Servida adequadamente e em seu recipiente correspondente, qualquer bebida alcoólica contém aproximadamente a mesma quantidade de álcool puro".
Fundación de Investigaciones Sociales A.C. (FISAC)
Mitos contra a moderação
Alguns mitos rondam as bebidas alcoólicas e estão enraizados na cultura popular, jogando contra o pleno entendimento e a prática da moderação.
Dividir as bebidas alcoólicas em fortes ou fracas, são exemplos de alegações sem fundamento técnico e que estão no imaginário coletivo, influenciando na escolha individual de um adulto saudável que opta por beber.
Esses mitos podem ter consequências arriscadas não intencionais para os consumidores quando, sob esse equívoco, decidem beber uma quantidade maior de bebidas com baixo teor alcoólico pensando que assim estão consumindo menos álcool.
Desmistificar a relação dos consumidores com as bebidas alcoólicas é importante para a prática efetiva da moderação e para a definição de políticas públicas que buscam reduzir seu consumo nocivo.
Debate público
Em 2022, a OMS sugeriu que os operadores econômicos substituíssem, sempre que possível, as bebidas com alto teor alcoólico por bebidas não alcoólicas ou com baixo teor de álcool em todo o seu portfólio de produtos, com o objetivo de reduzir o consumo nocivo.
Esta orientação provoca importantes repercussões do ponto de vista da defesa do consumidor, pois a simples redução do teor alcoólico das bebidas, com o objetivo de reduzir o consumo nocivo, ignora a premissa de que o consumo moderado é determinado, fundamentalmente, pela quantidade absoluta de álcool consumida, e não pelo tipo de bebida.
Com a noção de Dose Padrão e princípio da equivalência, o consumidor tem um entendimento mais profundo sobre moderação e pode tomar melhores decisões no momento de desfrutar sua bebida favorita, sabendo que álcool é álcool.
O movimento Destilados Originários defende que a educação deve guiar o consumo responsável e moderado de bebidas alcoólicas, independentemente do teor alcoólico ou da categoria de bebida, para assim obter resultados efetivos no combate ao consumo nocivo.